21.12.09

Cobertura Macondo Circus 2009: Parte dois


Pelo terceiro dia consecutivo, com shows na praça Saldanha Marinho e Macondo Lugar, o Festival Macondo Circus movimentou Santa Maria. O município situa-se geograficamente no coração do Rio Grande do Sul e tem aproximadamente 300 mil habitantes. A sexta edição do Macondo Circus  mostrou que o Festival é, não apenas o principal evento de música e cultura independente do Estado, mas da região Sul.

E para compensar o não-bis da noite anterior, o trio de rock instrumental Pata de Elefante fez um concerto tri-bom, com dois bis. “Eles podiam tocar pra sempre”, era a frase eleita por Andressa, da equipe da cobertura colaborativa que, dias depois, escreveu no site do Festival:

Muita gente não gosta de despedidas, odeia até. Muita gente que não gosta de despedidas adorou a despedida desse Macondo Circus. Foi extasiante! Bastou bateria, guitarra e baixo para fazer com que todo o Macondo Lugar pulasse, balançasse a cabeça e, entre um gole e outro, pedisse bis uma, duas, três vezes. Voz? Só para cumprimentos e comentários entre uma música e outra.

No show, Pata de Elefante pôs a fuder os clássicos “Carpeto Volare”, Marta”, “Hey!”, “Gato que late” e mostrou várias das novas composições do terceiro álbum, previsto para sair em março, pela Trama. E se o novo disco ainda não foi prensado, os dois anteriores (um total de três mil cópias) não estão mais disponíveis. “Pelo menos nós não temos mais”, disse o guitarrista Daniel Mossmann. E a Monstro Discos não vão prensar mais cópias? “Baah, eles não mostraram interesse, mas nós vamos prensar sim, com certeza”.

Perto do final do show, amigos se abraçavam e pulavam, em rodinha. Teve mosh também. Uma guria subiu no palquinho e começou a dançar ao lado de Gabriel Guedes, que empunhava o baixo. Aglutinadas, as pessoas pediram pra ela pular: primeiro e único mosh do Macondo Circus 2009, no Macondo Lugar.



Mas se o clima era de deslumbre e embriaguez – embalado pela forte água que caia do céu – este tivera início com outra apresentação singular: dos Black Drawing Chalks. “Foi o melhor show da Black Drawing Chalks de todos os tempos”, disse o vocalista da banda Vítor Rocha. Vitor contou também que a banda desembarcou em vários festivais este ano, inclusive no exterior, chegando a fazer, no segundo semestre, oito shows em seis dias.

Macondo Lugar, duas e pouco da manhã
Frente e arredores do palco estavam abarrotados de gente, várias delas com garrafas verdinhas às mãos. O Chalks também tinham cervejas, usadas numa espécie de batismo.
Banhos do líquido amarelado, na banda, deles para a platéia, que retribuía, arremessando copos. “Nós jogamos cerveja ali na frente porque assim as patyzinhas já saem, dão espaço, mas aqui elas não saíram não!”, gargalhou Vítor no dia seguinte.



Os goianos mostraram quase todas as músicas do álbum “Life is a big holyday for us”, lançado este ano. Exibiram um vigor intenso, invadindo a platéia, jogando-se nela e atirando-se ao chão com os instrumentos. “Eles são fodinhas né?” – comentou um dos coordenadores do Festival, Atílio Alencar.

Terminadas as duas apresentações, mais ou menos as quatro da manhã, rolou outro festival: de encontros. Hospedados em Santa Maria, vários dos integrantes de bandas, produtores, seres-coletivos, amigos, parceiros, produtores e oficineiros trombavam-se no andar térreo do Macondo Lugar.



Um dos assuntos fora o show do argentino-monobanda Gomez, que, aliás, também circulava por ali. O Proyecto Gomez, única banda estrangeira do Festival, finalizou com muita classe os eventos que rolaram durante a tarde, na praça Saldanha Marinho, também no sábado (04/12).


Bem antes do argentino, às 18h, com uma hora de atraso (por conta dos atrasos na chegada das bandas AMP e principalmente dos Dead Lover´s Twisted Hearts), os quatro Aeromoças e Tenistas Russas subiram. Trouxeram de São Carlos uma sonoridade peculiar, misturando rock, jazz e uma pegada viajante. O guitarrista-vocalista Thiago Hard, também toca sax. O teclado de Gustavo não é aquele típico, que só faz bases, é, possivelmente, junto às linhas de baixo de Juliano, o diferencial das aeromoças. "Quando nos juntamos, cada um tinha um riff elaborado, pronto, então começamos a compor em cima. Mas o processo [de composição] é basicamente jams de ensaios", resumiu Gustavo à colaborativa.

Depois deles, a ordem das bandas inverteu, quem subiu foi o AMP, que chagara há pouco em Santa Maria. A regulagem do som estava ruim, fator que talvez tenha interferido no show, que foi rápido e sem tanta empolgação.



Mas quem devolveu a empolgação ao público foram os mineiros do Dead Lover´s Twisted Hearts. Eles que também nunca tinham passado pela cidade, fizeram um show bem dançante, contagiante, misturando rockabilly, rock ´n roll e sincronizando vocais com maestria. “No nosso show as pessoas começam um pouco tímidas e no final elas já começam a dançar, porque o nosso show é pra isso: pras pessoas dançarem”, disse Guto.

Outro evento que se misturou, se integrou, se potencializou e se diluiu na Saldanha Marinho, ao Macondo Circus, foi o Mercado das Pulgas. Trata-se de um conglomerado de pequenos comerciantes, dispostos em barraquinhas, numa cadeira, ou no chão mesmo, ao redor da praça. Entre comes, pastéis, salgados e churrasquinho gaúcho, à bordados, moda hippie, pinturas, leitura espírita, camisetas desportivas, bottons etc.

O prefeito local - uma das três mil pessoas que presenciou os Móveis Coloniais e o Mercado das Pulgas no dia anterior - garantiu que no ano que vem tem mais. “A Prefeitura apoiou o Festival este ano e pretende continuar apoiando para que ele se torne ainda maior”, garantiu César Schirmer.

Macondo Circus 2009 é uma realização do Macondo Coletivo, em parceria com Casas AssociadasABRAFIN e Circuito Fora do Eixo.
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TOP 5 MACONDO CIRCUS 2009
Macaco Bong
Black Drawing Chalks
Pata de Elefante
Proyecto Gomez
Bandinha Di Dá Dó
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Over Música viajou a Santa Maria independente, embora com alimentação, hospedagem e cerveja bancados pela produção do Macondo Circus.

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