22.12.09

Entrevista Mini Box Lunar


Logo após apresentação no Goiânia Noise 2009, Otto Ramos e Heluane, da banda Mini Box Lunar, gentilmente concederam uma entrevista para Over Música. Eles comentam a origem do grupo, com uma fala clássica (para este bolg) de Otto: O Mini Box já nasceu torto.... Heluane explica também de onde vêm as ideias para o visual que vestem ela e JJ, as duas vocalistas do Mini Box, além do trabalho do Coletivo Palafita no Amapá e suas ações integradas ao Circuito Fora do Eixo e as bandas da cena local.
Confira abaixo as vozes sensuais de Otto e Heluane.





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21.12.09

Cobertura Macondo Circus 2009: Parte dois


Pelo terceiro dia consecutivo, com shows na praça Saldanha Marinho e Macondo Lugar, o Festival Macondo Circus movimentou Santa Maria. O município situa-se geograficamente no coração do Rio Grande do Sul e tem aproximadamente 300 mil habitantes. A sexta edição do Macondo Circus  mostrou que o Festival é, não apenas o principal evento de música e cultura independente do Estado, mas da região Sul.

E para compensar o não-bis da noite anterior, o trio de rock instrumental Pata de Elefante fez um concerto tri-bom, com dois bis. “Eles podiam tocar pra sempre”, era a frase eleita por Andressa, da equipe da cobertura colaborativa que, dias depois, escreveu no site do Festival:

Muita gente não gosta de despedidas, odeia até. Muita gente que não gosta de despedidas adorou a despedida desse Macondo Circus. Foi extasiante! Bastou bateria, guitarra e baixo para fazer com que todo o Macondo Lugar pulasse, balançasse a cabeça e, entre um gole e outro, pedisse bis uma, duas, três vezes. Voz? Só para cumprimentos e comentários entre uma música e outra.

No show, Pata de Elefante pôs a fuder os clássicos “Carpeto Volare”, Marta”, “Hey!”, “Gato que late” e mostrou várias das novas composições do terceiro álbum, previsto para sair em março, pela Trama. E se o novo disco ainda não foi prensado, os dois anteriores (um total de três mil cópias) não estão mais disponíveis. “Pelo menos nós não temos mais”, disse o guitarrista Daniel Mossmann. E a Monstro Discos não vão prensar mais cópias? “Baah, eles não mostraram interesse, mas nós vamos prensar sim, com certeza”.

Perto do final do show, amigos se abraçavam e pulavam, em rodinha. Teve mosh também. Uma guria subiu no palquinho e começou a dançar ao lado de Gabriel Guedes, que empunhava o baixo. Aglutinadas, as pessoas pediram pra ela pular: primeiro e único mosh do Macondo Circus 2009, no Macondo Lugar.



Mas se o clima era de deslumbre e embriaguez – embalado pela forte água que caia do céu – este tivera início com outra apresentação singular: dos Black Drawing Chalks. “Foi o melhor show da Black Drawing Chalks de todos os tempos”, disse o vocalista da banda Vítor Rocha. Vitor contou também que a banda desembarcou em vários festivais este ano, inclusive no exterior, chegando a fazer, no segundo semestre, oito shows em seis dias.

Macondo Lugar, duas e pouco da manhã
Frente e arredores do palco estavam abarrotados de gente, várias delas com garrafas verdinhas às mãos. O Chalks também tinham cervejas, usadas numa espécie de batismo.
Banhos do líquido amarelado, na banda, deles para a platéia, que retribuía, arremessando copos. “Nós jogamos cerveja ali na frente porque assim as patyzinhas já saem, dão espaço, mas aqui elas não saíram não!”, gargalhou Vítor no dia seguinte.



Os goianos mostraram quase todas as músicas do álbum “Life is a big holyday for us”, lançado este ano. Exibiram um vigor intenso, invadindo a platéia, jogando-se nela e atirando-se ao chão com os instrumentos. “Eles são fodinhas né?” – comentou um dos coordenadores do Festival, Atílio Alencar.

Terminadas as duas apresentações, mais ou menos as quatro da manhã, rolou outro festival: de encontros. Hospedados em Santa Maria, vários dos integrantes de bandas, produtores, seres-coletivos, amigos, parceiros, produtores e oficineiros trombavam-se no andar térreo do Macondo Lugar.



Um dos assuntos fora o show do argentino-monobanda Gomez, que, aliás, também circulava por ali. O Proyecto Gomez, única banda estrangeira do Festival, finalizou com muita classe os eventos que rolaram durante a tarde, na praça Saldanha Marinho, também no sábado (04/12).


Bem antes do argentino, às 18h, com uma hora de atraso (por conta dos atrasos na chegada das bandas AMP e principalmente dos Dead Lover´s Twisted Hearts), os quatro Aeromoças e Tenistas Russas subiram. Trouxeram de São Carlos uma sonoridade peculiar, misturando rock, jazz e uma pegada viajante. O guitarrista-vocalista Thiago Hard, também toca sax. O teclado de Gustavo não é aquele típico, que só faz bases, é, possivelmente, junto às linhas de baixo de Juliano, o diferencial das aeromoças. "Quando nos juntamos, cada um tinha um riff elaborado, pronto, então começamos a compor em cima. Mas o processo [de composição] é basicamente jams de ensaios", resumiu Gustavo à colaborativa.

Depois deles, a ordem das bandas inverteu, quem subiu foi o AMP, que chagara há pouco em Santa Maria. A regulagem do som estava ruim, fator que talvez tenha interferido no show, que foi rápido e sem tanta empolgação.



Mas quem devolveu a empolgação ao público foram os mineiros do Dead Lover´s Twisted Hearts. Eles que também nunca tinham passado pela cidade, fizeram um show bem dançante, contagiante, misturando rockabilly, rock ´n roll e sincronizando vocais com maestria. “No nosso show as pessoas começam um pouco tímidas e no final elas já começam a dançar, porque o nosso show é pra isso: pras pessoas dançarem”, disse Guto.

Outro evento que se misturou, se integrou, se potencializou e se diluiu na Saldanha Marinho, ao Macondo Circus, foi o Mercado das Pulgas. Trata-se de um conglomerado de pequenos comerciantes, dispostos em barraquinhas, numa cadeira, ou no chão mesmo, ao redor da praça. Entre comes, pastéis, salgados e churrasquinho gaúcho, à bordados, moda hippie, pinturas, leitura espírita, camisetas desportivas, bottons etc.

O prefeito local - uma das três mil pessoas que presenciou os Móveis Coloniais e o Mercado das Pulgas no dia anterior - garantiu que no ano que vem tem mais. “A Prefeitura apoiou o Festival este ano e pretende continuar apoiando para que ele se torne ainda maior”, garantiu César Schirmer.

Macondo Circus 2009 é uma realização do Macondo Coletivo, em parceria com Casas AssociadasABRAFIN e Circuito Fora do Eixo.
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TOP 5 MACONDO CIRCUS 2009
Macaco Bong
Black Drawing Chalks
Pata de Elefante
Proyecto Gomez
Bandinha Di Dá Dó
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Over Música viajou a Santa Maria independente, embora com alimentação, hospedagem e cerveja bancados pela produção do Macondo Circus.

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16.12.09

Cobertura Macondo Circus 2009: Primeira parte

Abrigado anteriormente em regiões verdejantes e cercadas de muito mato, a 6ª edição do Festival Macondo Circus integrou-se à Santa Maria, no coração do Rio Grande do Sul. A cidade acabou servindo de pano de fundo para interação com os mais diversos personagens. A música desempenhou papel principal, com shows abertos, gratuitos, em praça pública, em pleno contato com o povo.

E como num daqueles filmes onde personagens coadjuvantes são fundamentais, Macondo Circus promoveu o encontro das artes, da música com, por exemplo, o teatro, o grafite e a cultura do fanzine. Por todos os lados, durante quatro dias, Santa Maria respirou cultura, além de shows, passaram pela tela, exposições, debates, performances e oficinas, sempre percorrendo o tema: “música e cultura urbana”.

De vidro ou de papel, tanto faz, a tela foi tingida.

Já no primeiro dia, aliás, peças, fios, placas e muita sucata de computador. Ministrada por Cristiano Figueiró em parceria com Pontão TV Ovo, Pontão Junta Dados da Uneb, CMID e Associação CUICA (Cultura, inclusão, Cidadania e Artes), trouxe crianças e adolescentes para a reflexão sobre o descarte e a reciclagem digital: era a oficina de meta-reciclagem.

A imagem que percorre a tela agora é um grande galpão, repleto dos mais variados tipos de peças de computador, Cristiano ao centro, crianças ao redor. Figueiró disse que depois de uma explicação básica sobre o funcionamento interno de computadores, “juntamos peças e construímos alguns PCs; é um equipamento simples, mas se você, por exemplo, colocar Linux, roda legal, dá pra usar editor de texto e navegar na internet, principal demanda dessa molecada”, explicou. Ao final, todas as máquinas montadas foram doadas para os guris que participaram da oficina.

Praça Saldanha Marinho, quinta (03/12)
O dia começa a entregar-se à noite, que é de lua cheia. Depois de um vôo alucinante literal, de Mauro da Bandinha Di Dá Dó, sem maquiagem, o quarteto agora está no camarim, trocando ideias. "Na verdade o convite pra tocar no Macondo veio do público, que intimou o Atílio a nos colocar pra tocar no Festival", explica Paulo Zé, um dos clowns da banda.

Pouco depois, após três músicas, as pessoas já estão chocadas com a visceralidade e a catarse musical causada pelos três Macacos Bong: "Amendoim" "Noise James", e "Fuck You Lady". Numa apresentação explosiva, as pessoas paralisam em frente ao palco; outras sentam para contemplar o concerto. “Já vi uns 200 shows do Macaco Bong, mas hoje..., estou de cara”, resumiu Pablo Capilé, que esteve em Santa Maria puxando o 1º Encontro Integrado das Regionais Sul e Circuito Fora do Eixo.



E enquanto Bruno Kayapy, guitarrista do Macaco Bong (foto), debruçava-se ao chão, tirando música dos pedais, da guitarra, o artista urbano Luis Flávio, bem atrás do palco, assinava Trampo nos passarinhos que grafitou numa carrocinha (foto capa) – a ferramenta de sustento dos parceiros Robson e Joel Ferreira Leite. “Eu estava passando, vi a movimentação, cheguei e entreguei: pode fazer o trabalho!”, contou Joel. “Ele chegou e pediu para fazer um desenho, como é que você vai negar?”, sorriu Luis Flávio.

Alguns trabalhos de Trampo estiveram expostos, durante o Festival, no Macondo Lugar, na Sala Dobradiça, um espaço destinado à mostra de artistas plásticos. Foi ele, inclusive, que articulou todos os outros trampos expostos na Dobradiça.


Na tarde seguinte, o jornalista Fernando Rosa foi convidado para falar sobre a “Cena Independente e novas formas de comunicação”. Rosa fez um rápido histórico do surgimento e evolução do Portal Senhor F, site que criou no finzinho dos anos 90. Hoje, além de referência para o mercado musical independente, funciona como uma agência de notícias e selo digital, atualmente com dez artistas.

Fernando Rosa falou também sobre a importância de as bandas usarem todas as ferramentas possíveis na rede, para evidenciá-las. “Veja o Repolho, por exemplo, último lançamento Senhor F, até ontem estava na margem dos 3.200 downloads e, levando em consideração que ninguém é maluco de baixar o mesmo disco duas vezes, é relevante, não?” – exemplificou.

Depois de uma hora e meia de debate, Rosa migrou junto aos demais para a praça, onde aconteceriam três shows. Lá, num varal improvisado, surgiam as primeiras imagens confeccionadas na oficina de Xilogravura, oferecida por Marcelo Monteiro, no mesmo horário da palestra de Rosa.

Os Subtropicais, que tinham acabado de descer, agora davam entrevista para a gurizada da cobertura colaborativa. Divididos em equipes, cerca de 30 jovens (de diversas áreas, mas sobretudo, estudantes de comunicação) fizeram a maior cobertura em rede, em massa, que já aconteceu num festival de música independente no País, até hoje. Em quatro dias, mais de 130 artigos foram publicados, entre textos, vídeos e fotos, além das transmissões dos shows, no site do Macondo.
O processo proporcionou aos estudantes um estágio (na área da música) intensivo e real – tão ausente nas academias – que estabeleceu um link entre a universidade e o mercado.



Dalle! Durante a entrevista dos Subtropicais, quem se ajeitava no palco eram os Móveis Coloniais de Acaju. Pela primeira vez em Santa Maria, os Móveis armaram aquele carnaval típico, interagindo bastante com o público, que lotou a praça, enchendo a cidade de cores, de alegria e dançando ciranda (vídeo). “O Tempo”, “Café com Leite”, foram algumas.



Finado o show, perto das 22h, o pessoal rumou para o restaurante oficial do Macondo Circus: o Café Cristal, cujo cardápio lê-se “desde 1938”. Comida boa, quentinha, nos quatro dias, degustamos polenta com carne, strogonof, feijão preto, fritas, ente outros caseiros.


De madrugada, dois shows no Macondo Lugar: Zefirina Bomba (foto) e Superguidis. O show do Zefirina estava cheio, agressivo como de costume e calcado nas músicas do disco novo, de 2009 ("Nós Só Precisamos de 20 Minutos Pra Rachar Sua Cabeça") e com uma formação diferente: Poly segurou o baixo no lugar de Martin.











Os Superguidis entraram em seguida. Abriram com “Spiral arco-íris” e tocaram outras cinco músicas do primeiro álbum, adoradas pelo público do Macondo, que cantou juntinho com Andrio. A banda parava após cada música, atravancando o show. Num desses longos intervalos, o guitarrista Lucas Pocamacha, fez piada com Lelia Lopes, falecida no dia anterior. “Quem não se lembra de Renascer? Quem aqui não dedicou uma a Leila Lopes?”.



















Na última música, “Malevolosidade”, Diogo (foto) abandonou o baixo, tomou o microfone de Andrio e levou-o ao baterista, que não quis cantar junto. Ficou uma bagunça, resumida por Andrio: “foi o show mais divertido e avacalhado que já fizemos”. Foi o único show (fechando um dia) que não teve bis, embora com manifestações da platéia. “Não fosse a minha corda estourada, a gente tocava”, desculpou-se Lucas.

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14.12.09

Cobertura Goiânia Noise 2009: segunda noite de shows no Martin Cererê

A segunda noite de shows do Goiânia Noise 2009, no Espaço Cultural Martin Cererê (28/11), marcou pelos históricos encontros no palco e, principalmente, pela variedade de bandas estrangeiras, vindas da Europa, EUA e América Latina.

Segunda banda a se apresentar, os quatro garotos do The Backbiters adiantaram o clima rock ´n roll que encheria o palco Pyguá naquele sábado nublado. The Backbiters é referência da nova (e boa) safra de bandas goianas, já que o seu primeiro disco cheio foi gravado no início deste ano (Backbiters). O quarteto faz um rock ´n roll com pegada e riffs elaborados, solos compactos, estridentes – e algo ressonante com o rock noventista dos Hellacopters e os vocais do Pearl Jam. A faixa “Ridiculous fame” encerrou o show, mas a melodia ficou grudada.




Mudando o clima total, o palco Yguá recebeu, direto do Amapá, o sexteto Mini Box Lunar. A banda foi um dos destaques da noite, com o seu rock amazônico, doce, marcante, irreverente e cheio de psicodelismo, típico dos Mutantes. Duas garotas, Heluana e Jenifer “JJ” formam a linha de frente e fazem os vocais do Mini Box, que tem ainda guitarra, baixo, bateria e um maestro lisérgico nos teclados, Otto Resende, que explicou: “O Mini Box Lunar já nasceu torto, o nome foi definido em um lugar importante para nós de Macapá, um local boêmio, histórico, que é o Largo dos Inocentes; já viemos com a proposta da banda, anos 60 e 70, mas focado na música brasileira dessa época”, contextualizou após o show.



Também de uma das pontas do País, de Santa Catarina, o Cassim & Barbária esbanjou o som que os levou para palcos distantes do Brasil. Em 2009 o grupo participou de festivais no Canadá e EUA. Na mala levaram o EP de cinco faixas, “Ready”, que serviu de base no Goiânia Noise. Com duas baterias no palco, experimentações eletrônicas, duas guitarras, muito lounge e uma iluminação fodida, foi a primeira a arrebatar os holofotes, sobretudo com “That Old Spell”.

Com os shows começando a lotar, a temparatura dos dois teatros elevou-se e a fila do caixa ficou insuportável. A longa espera fez as pessoas migrarem para o outro ponto de comes e bebes, ao norte do Martin Cererê. Lá também rolava uma feira, entre outros, de moda rock, retro, vinis, CDs e acessórios.

Representante latino da noite, os argentinos do Los Lotus alternaram entre o visceral e o empolgante, porém discreto. Embora cheio e bem cimentado, o som da banda não tem digamos, um diferencial.



Elemento que não falta, por exemplo, aos canadenses do GrimSkunk. Eles são apenas cinco, mas nem parece, tamanha bagunça que acontece lá em cima. É uma imensa mistura, rica, que passa pela canção cigana, ska, metal e uma energia que lembra os Móveis Coloniais de Acaju. Perto do final do show, uma das últimas músicas transformou-se numa tarantela-rock-frevo, que entusiasmou geral. Ainda houve tempo de dedicarem uma ao George Bush, claro, ironicamente.

O show seguinte possibilitou o primeiro célebre encontro do sábado. Os mineiros do Porcas Borboletas repetiram em Goiânia o show que fizeram em São Carlos , no 3º Festival Contato, com o paulista Paulo Patife. Se o concerto do Porcas Borboletas já é, por si só, repleto de momentos ápices, sonoridades e intervenções maluco-teatrais de Danislau e Enzo Banzo (os vocalistas), Patife deu o gás que faltava pra coisa transbordar. Haja transpiração. O Porcas Borboletas é hoje um grupo regional que responde como uma das principais bandas da cena independente nacional.




Da Suiça veio o trio mais cool da noite, mais do que peculiar. O Mama Rosin trouxe na bagagem, acordeão, uma bateria enxuta e diferenciada (sem por exemplo, prato de ataque), guitarra e banjo. Os três integrantes cantam, e como cantam. Misturam folk, com boogie boogie e rock raiz, formulando canções alegres, dançantes que remetem às origens do rock ´n roll, aquele que beira o country. Os vocais são bem curtos e o acordeão, bem presente, funciona muitas vezes como uma gaita. Showzasso.

E se o Mama Rosin parece flertar com o céu, não restam dúvidas de que os Mechanics vêm do inferno. “Era para o CD ter ficado pronto, mas não chegou; esse viado também quase não chega (apontando para um dos guitarristas); são 15 anos de Noise, 15 anos de Mechanics e 15 anos dessa maldição. Mas o que interessa é saber como se atravessa o fogo”, disparou o vocalista Márcio Jr. Antes de cada música, Márcio citava um verso, um improviso do que estaria por vir. “A gente faz música cheio de ódio e vontade de morrer”, falou antecedendo “Ódio”.

A banda dividiu o palco com as performances do Grupo Empreza (SP), composto por três homens nus e retalhos de pano branco por todo o corpo. Um deles estava suspenso, preso ao teto por uma corda, uma espécie de cadeira de pano, que se tornou o alvo da fúria infernal dos Mechanics. Márcio pegou o pedestal e usou-o para balançar o sujeito. Balançou tão forte que em dez minutos o rapaz desistiu e desceu.



Mas foi o Black Drawing Chalks que promoveu o encontro mais emblemático do Goiânia Noise 2009. Na quarta música, o vocalista dos Chalks, Vitor Rocha, convidou Chuck Hipolitho (ex-Forgotten Boys), que subiu e não desceu mais. “Eles fizeram o convite, aceitei na hora; há um, dois meses atrás, eles tocaram em São Paulo , me convidarem, fizemos uns ensaios e tocamos lá pra ver como ia ser”. E como foi Chuck? “Foi do caralho, eu estava há muito tempo fora do palco e é muito bom tocar”.
Duas músicas à frente, Fabrício Nobre foi intimado, cumprimentou os comparsas e disse à platéia: “não poderia recusar, essa banda é a menina dos meus olhos”. O som ficou bem alto, Chuck se revezou na bateria e nos vocais junto com Vítor Rocha e Nobre. Foi assim até o final. Estava realmente abafado ali dentro, mas na saída uma leve garoa caía, pra refrescar.



E finalmente, a banda conceitual do Goiânia Noise. Assim como nos anos anteriores, uma escolha estética e contemporânea, do cenário internacional. Acertaram em cheio: Dirty Projectors (foto capa). A banda é um furacão. Na verdade, aquela calmaria pós furacão.



O principal trunfo dos Projectos, ora dueto (“Two Doves”), música que abriu o show, quarteto (“Imagine it”), a segunda, ora quinteto, sexteto, trio... é justamente o fator de não se parecer com nada. É uma guitarra solada por sobre a outra, ora sem contra-baixo, ora sem guitarra, ora duas guitarras e teclados, e um coro de vozes, três femininas afiadas (outro diferencial) e uma masculina, (Dave) que chega a imitar teclados sintéticos, alternando momentos calmos com violência. A seqüência “Cannibal”, “Gimme”, “Rise”, “Thirsty” e “Temecula”, foi uma catarse. Depois de tanto rock na cabeça, um show de contato e estranhamento sonoro. Final digno de um grande festival, aliás.

A noite teve ainda show com as bandas Mugo, Vivendo do Ócio, Confronto, Evening e As Mercenárias.
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TOP 8 GOIÂNIA NOISE 2009
Dirty Projectors
The Name
Mama Rosin
Guiso
Detetives
Cassim & Barbária
GrimSkunk
Milocovik
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Over Música viajou a Goiânia independente, embora com hospedagem e almoço pagos pela produção do Goiânia Noise.

Crédito das fotos desta postagem: Gabriel Ruiz.

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10.12.09

Cobertura Goiânia Noise 2009: primeira noite de shows no Martin Cererê

Se na noite anterior (quinta 26/11), os shows invadiram as casas noturnas de Goiânia, no fim de semana o Goiânia Noise volta ao seu lar: os palcos Pyguá e Yguá do Espaço Cultural Martin Cererê. Com mais de oito horas de música, o festival começa a esquentar. MQN e Walverdes tocaram no mesmo palco e os Móveis Coloniais de Acaju encerraram a noite. Ao fim, as pessoas saíam encharcadas, acompanhe.

Com três integrantes menores de idade e sem disco lançado, o quarteto Hellbanguers fez um showzasso de abertura na noite de sexta-feira (27/11). O Melda subiu na sequência - um projeto de monobanda idealizado por Claudio Vieira, o Claudão – com um repertório mais pesado, como o músico havia explicado antes do show: “Preparei um repertório mais rock e falando muita merda, o pessoal aqui gosta!”, diverte-se.

Rinoceronte, que se apresentou na semana anterior no Festival Demo Sul em Londrina, tocou pela primeira vez no Noise e mostrou o trabalho do disco recém lançado na web, através do Compacto.REC, com músicas calcadas num rock ´n roll setentista.  O som do palco, caiu como uma luva para o Rinoceronte: pesado como o som da banda é.



O palco Pyguá ainda estava vazio quando Fabrício Nobre comentou o Volver, também primeira vez no Festival: “é uma dessas bandas que eu mais gosto”. Com clara influência de Los Hermanos, o Volver trouxe uma apresentação mais roqueira (que há de algum tempo), com guitarras raivosas, sobre bases aparentemente leves. Rolou também muita interação com a platéia, que se debruçava e cantava junto, como em “Pra Deus implorar”, entoada em coro. “Com o passar dos anos o som foi ficando mais pesadão, acho que diminuiu em velocidade e ganhou em peso”, explicou o vocalista do Volver Bruno Souto, logo após o show.




Aumentando a dose dançante da noite, a paulistana Milocovik misturando rock com bases dançantes, eufóricas, tocou em seguida. Se fosse num horário mais tardio, teria transformado o teatro Yguá em uma pista de dança, por exemplo, com os riffs de “perro negro”. O vocalista Toni diz que a sonoridade da banda vem do estômago e que fizeram “uma co-produção entre a banda e o Rick Azevedo, para trabalhar uma textura que é meio difícil de ser entendida aqui no Brasil”, explicou.




Primeira atração internacional a pisar num dos palcos do Martin Cererê, a chilena Guiso faz um som punk-hard-rock, que lembra o MC5. Um dos destaques da noite, o Guiso tem a simpática Bernadita Martinez (que toca sem palheta) no baixo, cuja performance rocker, arrancou elogios, inclusive de Martin Atkins, escritor e professor norte-americano, que produziu o livro Tour: Smart, uma bíblia para bandas que desejam cair na estrada. Atrás de Bernardita, Alvaro, o baterista, deixou o palco em sopa, extasiado. Alvaro é um empreendedor do rock chileno, abriu o selo Algo Records, justamente para abrigar bandas que não tinham espaço na cena chilena. Hoje o selo tem dez bandas.

Mais tarde, uma orquestra do rock (foto capa), composta por sete músicos, trouxe o caos e a violência ao Pyguá. Do meio do show em diante, era impossível permanecer à frente do palco. O trio do Walverdes somou-se ao MQN, inclusive com duas baterias sobre o palco. O clima ficou quente quando Fabrício Nobre anunciou “Buzz in my head”. Aí, começou outro festival: banhos e mais banhos de cerveja. Quem encharcou primeiro, começando pela cabeça, foi o vocalista-guitarrista dos Walverdes, Gustavo Mini. Sobrou até para a platéia, claro.



“Cold Queen” do MQN fudeu geral, como você pode reparar acima no clique de Hick Duarte. E após ela, Nobre queria mais: “Aumenta o som aí, vamos colocar mais uma bateria?”. Com apenas dois ensaios juntos, as bandas mandaram dois covers, “os mais óbvios do mundo”, segundo o vocal do MQN: “Sweet Leaf”, do Black Sabbath e “Breed”, do Nirvana. Nem pulei, mas sai molhado. De cerveja talvez.

E se pouco suor no Martin Cererê é besteira, vieram os Móveis Coloniais de Acaju para, literalmente, melar corpos, barbas, roupas, mãos, instrumentos e colocar a galera pra bailar. Além dos nove músicos, Bocato foi convidado para animar ainda mais a tradicional festa dos Móveis. “É legal que uma música de três minutos vira dez, entramos na onda do Bocato de improviso, muito vibrante”, comentou Esdras Nogueira antes do show no Noise. Teve gente que vibrou tanto que acabou passando mal, precisando sair às pressas. No fim, além da tradicional ciranda que a banda induz, o integrante Xande, foi erguido (foto), numa espécie de mosh pelas costas, com o instrumento empunhado.




A noite teve ainda as bandas Devotos, Vivendo do Ócio, Punch e Sattiva. O show do Supersuckers (USA) foi cancelado. Parece que os norte-americanos tiveram problemas com o visto.
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*Fotos: para saber crédito e legendas passe o mouse sobre as fotos.

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6.12.09

Quando o ser humano transcende a genialidade: Proyecto Gomez


A curadoria do Festival Macondo Circus 2009 foi raciocinada com elegante zelo e atenção. Cada detalhe pensado, cada sequência, cada artista que participaria do Festival e aqueles que encerrariam as noites. Hoje, por exemplo, último dia de atividades da extensa programação do Macondo, o argentino-monobanda Proyecto Gomez foi, até o momento, insuperável.

Sorridente, ousado, não usa cabelos; cabelos, apenas debaixo do queixo. Unhas pintadas, vermelhas, calças confortáveis, por vezes coloridas. De Buenos Aires, em sua bagagem uma bateria concisa e enxuta, um baixo, uma guitarra e aparelhos sintetizadores, uma mesa de som e pedais, cabos.

Sozinho, ele utiliza a cabeça para domar todos os sons que podem sair desse leque variado de instrumentos e opções sonoras. O estilo de Gomez - e justamente onde ele consegue romper a barreira entre o ser humano e o ser humano genial - é montar as músicas em cima do palco. Assistir  a uma apresentação nesse caso, faz  toda a diferença. (Se você for escutar, porém, tenha em mente que o som, sai das mãos, pernas e vozes de apenas um homem).

No show de hoje, o último na praça Saldanha Marinho em Santa Maria, foi assim. Uma melodia começa, guitarra, uma distorção e um vocal, um verso, simples. Em determinado instante, Gomez se desvencilia da guitarra, mas o som continua tocando, em looping. Você nem percebeu e até entender que um botão foi apertado, veloz, ele já está à frente da bateria, esbanjando, porque pode, sabe. Muda a batida, mistura, troca a base, aperta um pedal, dispara outro vocal, canta por cima, torna à guitarra, canta rápido, ultra rápido, espanca a bateria, dispara notas, aplausos. E assim segue, criando, solitário, como maestro de si mesmo, sublime...



http://www.myspace.com/gomezproyecto


Fotos: Gabriel Ruiz.

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2.12.09

Cobertura Goiânia Noise 2009: o início dos 15, invadindo a cidade


Além das apresentações de dezenas de bandas, o Goiânia Noise Festival 2009 extrapolou os limites da música. Teve mostra de cinema, exposição de artes, reunindo artistas plásticos de todo o País e a 2ª Conferência Brasil Central Music, que trouxe ícones mundiais para discutir o mercado, o processo e a produção musical do setor independente.

Esse novo formato adotado – aliás, que espalhou atrações em vários pontos da capital goiana – deve perdurar nas próximas edições. Bares, teatro, galeria de arte, sala de cinema, hotéis e o lendário Espaço Cultural Martin Cererê, receberam o Festival. “Está dando muito certo e provavelmente faremos assim no ano que vem também”, disse um dos produtores do Festival, Fabrício Nobre, durante a noite de quinta-feira (26/11).

Se os festivais nacionais geralmente apresentam artistas de várias regiões do Brasil, no Goiânia Noise, essas bandas colam de diversas partes do mundo: Suiça, Argentina, Canadá, Chile e EUA. E como fez nos dois anos anteriores, trazendo bandas conceituais como Battles (2007) ou Black Mountain (2008), este ano foi a vez de Dirty Projectors aterrissar em Goiânia.

No apagar das 15 velinhas, muitos encontros da música, pessoas, lugares e, sobretudo, shows fodões. A partir de agora e nos textos a seguir, você vai saber como foi (e porque é) o Goiânia Noise 2009, possivelmente o festival independente mais significante do País.

Quinta (26/11): Noise primeiro
A segunda noite de shows do Noise colocou seis artistas para tocar, Johnny Suxxx and Fucking Boys, Detetives e Ricardo Koctus no Bolshoi; e Bang Bang Babies, Sapatos Bicolores e The Name, no Metrópolis. Graças à agilidade da produção (que nos transportou velozmente), pulamos de uma balada para a outra e conseguimos conciliar três bandas legais: Johnny Suxxx and Fucking Boys, Detetives e The Name.

O Johnny Suxxx é uma das várias bandas legais de Goiânia, pegada hard rock e visual glam, a exemplo do vocalista, João Lucas, que vestia uma bela calça estilo zebra. Foi ele, inclusive, que deu a deixa para Os Detetives entrarem: “fiquem aí, é uma bandassa”. O repertório dos Detetives trouxe três músicas de cada disco, as mais roqueiras, segundo o baixista do trio, Fernando Papassolo. Entre elas “Hotel Berlim” e a ótima “Fantasmas”, do disco novo (o terceiro), que já está praticamente pronto, mas previsto para 2010. (Ouça a entrevista sobre o disco)



Do Bolshoi, pub estiloso, com bancos que imitam assentos de couro, quadros de ícones do rock, cervejas de diversas partes do mundo, sanduíches a R$20 e um som de altíssima qualidade, rumamos para o Metrópolis, um pico bem parecido com uma festa de república.

Os The Name preparavam-se para começar o show. A banda faz um pós-punk dançante, que ganha ainda mais peso no palco. Num clima “inferninho”, repertório baseado nos EPs “Assonance” e “You Want it Back Now,”o trio fez um dos melhores shows do Noise. “Chegamos lá, um puta calor, palco pequeno, a galera bem junto, é o ideal pra gente, isso ajudou pra caramba, ficamos soltos”, disse o guitar e voz do The Name, Andy, que tem ainda Molinari no baixo e Alves, na bateria.

Quem também se soltou foi Vitor Rocha, vocal do Black Drawing Chalks, que subiu e tocou com o trio duas ou três músicas. Outro que soltou, as baquetas foi Alvez. Antes do bis, o baterista ficou tomado, quebrou uma baqueta espancando a bateria e quando a outra escapou, ele usou as mãos, simplesmente não parava. Mas era a última. Veio o bis. Novas baquetas e mais duas músicas, três e meia da matina. Discotecagem.

Depois do show, o Andy contou que a banda fará uma tour pelo Sul do País, começando no dia 4 de fevereiro e vai até o fim do mês. Vão passar por Londrina, Maringá, Curitiba, Blumenau, Joenvile, Bauru e outras cidades. “Estamos produzindo um material novo e a ideia é levar esse material já para essa turnê no Sul”.

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1.12.09

Macondo Circus 2009 começa amanhã


O Macondo Circus 2009 - Música & Cultura Urbana vem aí. Diferente, renovado – e, claro, um pouco polêmico - o festival chega em sua sexta edição metamorfoseado. Polêmico justamente porque renovado, o Macondo Circus desce a serra – habitual reduto das edições anteriores – e se assume como um evento urbano, comum e extraordinário ao mesmo tempo, como deveria ser tudo aquilo o que chamamos de cultura.

E mais: um evento público, acessível, que prima pela democratização e compartilhamento da cultura e da arte. Contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria, o Macondo Circus desloca seu palco para a paisagem da cidade, ao invés de refugiar-se nas montanhas. Para ser visto, ouvido e experimentado por aqueles que realmente financiam a cultura: tod@s nós, o público que produz/divulga/partilha arte. Que paga impostos caros por quase tudo o que consome. E que quer bem mais do que a cultura oferecida em horário nobre na TV.

Por isso, esse ano, algumas pessoas sentirão falta do ar puro e das paisagens bucólicas que marcaram as cinco primeiras edições do festival. Mas muitas outras poderão desfrutar e interagir com shows, oficinas, intervenções teatrais e visuais. E o melhor: o eixo da programação acontece na Praça Saldanha Marinho, no coração da cidade. Para quem quiser, tiver curiosidade, afinidade ou, simplesmente, estiver transitando por ali, ao acaso.

Ainda, num formato transversal que alia linguagens diversas, o Macondo Circus, cada vez mais, integra som, imagem, ação e comunicação. Bandas que vem se destacando no cenário independente do Brasil mostram sua música por aqui; artistas levam sua produção visual para a rua; atores encenam suas performances sob céu aberto. A cobertura do evento, um caso à parte, funcionará baseada nos preceitos colaborativos que são característica das mídias independentes, com os veículos informativos sendo abastecidos em tempo real, durante a programação do festival.

Paralelamente ao Macondo Circus 2009, ainda ocorrem dois encontros que reúnem agentes culturais de todas as regiões do país: devido à conexão estabelecida entre o Macondo Coletivo e algumas redes nacionais de trabalho, Santa Maria será sede do Encontro Regional do Circuito Fora do Eixo e do Encontro Regional da Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes).

Então, sintam-se tod@s convidados para o Macondo Circus 2009 – Música & Cultura Urbana. E acompanhem a programação do festival, seja na agitação da praça, no calor do Macondo Lugar ou no aconchego do lar, mesmo, pelo www.macondocircus.com

Confira a programação do Festival:

Quarta-feira 02/12
Hotel Gloria - Santa Maria

Pele de Asno - Santa Maria
Brisocks - Santa Maria www.myspace.com/brisocks
Ventores- Santa Maria


Quinta-Feira 03/12 CUICA http://cuica.art.br/
Coquitail Espoleta Cia Teatro de Bolso

Bandinha Di Dá Dó www.myspace.com/bandinhadidado
Coquitail Espoleta Cia Teatro de Bolso
Rinoceronte - www.myspace.com/rinoceronterock
Coquitail Espoleta Cia Teatro de Bolso
Macaco Bong - MT www.myspace.com/macacobong
O Melda - MG www.myspace.com/claudaomelda
L.A.B -Novo Hamburgo www.myspace.com/labrocklab
Frank Jorge www.myspace.com/frankjorge

Sexta-Feira 04/12

Sálvia www.myspace.com/salviamusica
Fragmentos de “O Primeiro Milagre”
Subtropicais www.myspace.com/subtropicais
Fragmentos de “O Primeiro Milagre”
Móveis Coloniais de Acajú www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br
Zeferina Bomba www.myspace.com/zefirinabomba
Superguidis www.myspace.com/superguidis

Sábado 05/12

Aeromoças e Tenistas Russas -SP www.myspace.com/aeromocasetenistasrussas
Mercado de Pulgas
The Dead Lovers -MG www.myspace.com/thedeadloverstwistedheart
Fragmentos de “O último espetáculo desta terra” – “O Candido Lírio”
Saturno Experiment www.myspace.com/danielexperiment
Circuito Elétrico
Perna de Clowns
AMP www.myspace.com/amprockrecife
Proyecto Gomez http://www.myspace.com/gomezproyecto
Dinartes www.myspace.com/dinartesrock
Black Drawing Chalks www.myspace.com/blackdrawingchalks
Pata de Elefante www.myspace.com/bandapatadeelefante

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