16.10.09

ENTREVISTA #3: RETROFOGUETES


Muitos estavam bem curiosos para saber como seria a sonoridade do segundo disco do Retrofoguetes, já que o primeiro, "Ativar Retrofoguetes", um disco de surf-music-rock recheado de referências, como cinema, HQ, rockabilly, proporcionou à banda imensa visibilidade nacional, além de um turbilhão de convites para tocar em festivais e casas por todo o território.

Lançado este ano pelo próprio selo da banda, no Festival Abril pro Rock, "Chachachá" mostra, principalmente, que a veia criativa da banda deu um salto de 2003 para cá, transcendendo o status "rock" e criando uma identidade própria ao som do trio.

O baixista do Retrofoguetes, CH Straatman, gentilmente respondeu por e-mail às perguntas do Over Música, confere aí.




"Chachachá" foi lançado pelo próprio selo, "Indústrias Karzov", como foi isso?
CH: Sim, resolvemos que seria mais interessante neste momento da carreira termos uma mobilidade maior sobre a nossa obra e cuidarmos de todas as etapas dos nossos lançamentos. Daí tivemos a idéia de fundar o nosso próprio selo, o Indústrias Karzov, decisão que tem nos trazido resultados muito positivos.

Vi também que ele está disponível no Portal Fora do Eixo. Qual o esquema de lançamento e distribuição que a banda optou, já que o disco anterior havia saído pela Monstro Discos? 
Estamos trabalhando por etapas. Primeiro planejamos um lançamento nacional, na mesma época surgiu o convite para o Abril Pro Rock. Percebemos que estrategicamente seria uma boa ocasião para realizar esse lançamento, pois teríamos num mesmo lugar a presença de toda a mídia especializada, selos, artistas, jornalistas; e além do show que apresentaríamos, que é nosso melhor cartão de visitas, teríamos ainda oportunidade de bons negócios. Depois veio o lançamento local no Teatro Castro Alves em Salvador, que é um dos maiores teatros da América Latina, tem uma estrutura espetacular. Nesse show reproduzimos o disco fielmente à gravação, com participação de orquestra de sopros, marimbas, vibrafone, percussão, ukelele, etc. Essa produção foi super trabalhada, com cenário, iluminação, figurino e foi um sucesso, lotação máxima do teatro, algo em torno de 1500 lugares. Com relação a distribuição estamos promovendo algumas parcerias com selos, lojas de departamento, lojas de disco e livrarias, mas a maior parte da vendagem tem vindo dos shows. Os lotes tem se esgotado muito rápido, estamos pensando em expandir um pouco mais isso, devemos inensificar a promoção do disco nos próximos meses.

Falando ainda dos dois discos do Retrofoguetes, houve um intervalo considerável do primeiro para o segundo. Geralmente hoje quando as bandas têm seis ou sete músicas prontas acabam lançando via EP. Como foi o trabalho da banda em cima desse álbum, dos produtores até o lançamento em 2009?
Houve um hiato de cinco anos, mas nesse período trabalhamos em projetos especiais de gravação, como foi o caso do Maravilhoso Natal dos Retrofoguetes, onde fizemos releituras de clássicos natalinos em versões Surf Music/Rockabilly e que foi lançado em CD e em compacto vinil. No âmbito autoral foi bom porque tivemos mais tempo para amadurecer as composições, percebemos que estávamos compondo para outros instrumentos também e conseguimos trabalhar melhor nossos timbres. O disco teve a produçãode andré T e Nancy Viegas.

E se você fosse comparar sonoramente os dois discos da banda, o que destacaria? Levando-se em conta toda a bagagem que adquiriram tocando por aí...
Sem dúvida, Maldito Mambo! foi um grande passo dentro da nossa música. Contamos com a ajuda do maestro Letieres Leite na condução dos arranjos de sopro e foi bastante desafiador compor pra uma orquestra. Inclusive recebemos com essa música o prêmio de melhor arranjo no Festival de Música da Rádio Educadora, que é um prêmio muito respeitado entre os músicos e artistas locais. No geral é um disco de múltiplas facetas e passamos a investir na sonoridade Retrofoguetes, o que significou que poderíamos fazer qualquer coisa mantendo nossas características, algo que creio ser buscado por 9 entre 10 bandas, mas nem todas o fazem com êxito.




Atualmente existe uma cena forte nacional de bandas instrumentais, evidenciada até por um prêmio à categoria criada pelo VMB. Na época em que o Retrofoguetes começou a tocar, como era? Que bandas instrumentais do País vocês estão ouvindo?
Não tínhamos referências nacionais para a música que fazíamos, naquele momento outras também começavam sua trajetória. Claro que sempre houve a música instrumental brasileira, com caras sensacionais como Hermeto Pascoal, Dominguinhos, Sivuca, Armandinho, Lanny Gordin e muitos outros, mas falando num segmento de música independente não víamos muita coisa no rock instrumental, era coisa rara. Cito o Pata de Elefante e os Dead Rocks, tanto como bandas que começaram ali, no mesmo período que a gente, como também sendo bandas que tenho escutado. A criação de uma categoria instrumental no VMB indica que estamos no caminho certo, todos crescendo e desenvolvendo essa nova cena.

Dos festivais nacionais que a banda tocou, qual você acredita ter feito realmente diferença para alavancar a carreira do grupo?
Abril Pro Rock, Festival DoSol e Goiania Noise foram bastante significativos, mas existem muitos outros que agregaram valor a nossa carreira... O importante dos festivais é que eles abrem inúmeras possibilidades na carreira de um artista, desde o intercambio cultural à expansão dos negócios dentro da música.
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Retrofoguetes é:
CH Straatmann (baixo), Rex (bateria) e Morotó Slim (guitarra).

1 comentário

Anônimo disse...

Muito boa a entrevista! Esses meninos sabem do que estão falando e fazendo, não é a toa que tenham tido tantos elogios e sucesso. Quando o profissionalismo atinge a carreira de uma banda as coisas ficam mais fáceis e se o som for bom, como é o caso desses baianos, é uma questão de tempo as coisas darem certo.

Parabens Retrofoguetes!
Não conhecia o blog vou voltar mais vezes...

Att.
Márcio - SE

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