15.10.09

Disco de estréia da Gentileza extrapola em criatividade de arranjos e poesia



Vivemos uma era musical, onde os elementos de variados ritmos e gêneros convivem harmonicamente formando composições ricas, cheias de possibilidades inovadoras, prontas para arrebatar ouvidos mais apurados. Sorte de quem está a par desta situação. É o caso da curitibana Gentileza, conhecedora como ninguém do processo criativo que inventaram, da qualidade final do seu primeiro disco cheio, batizado com o nome homônimo à banda.

Ao longo das doze composições que permeiam o disco, Gentileza consegue acumular momentos da cadência do samba, de guitarras bem rockeiras, um frevo nem tão festeiro, uma valsa meio circense, poesia pensante, o (bom) pagode e o samba-rock, utilizando-se, abusando do extenso rol de instrumentos que tocam: trompete, violino, cavaquinho, viola caipira, efeitinhos (na voz, na guitar ou sabe-se lá de onde), palmas, escaleta, apito, pandeiro, sempre bem arranjado e com alta dose criativa, diga-se. Além desta lista notável, um dos integrantes da banda, Emílio, usou uma caixa de charuto e o braço de uma antiga guitarra infantil para criar um tipo de ukelêlê, que somou-se ao som gentil.

Outra característica peculiar que nutre bem o disco: provavelmente várias faixas foram compostas e pensadas para as apresentações ao vivo, por exemplo, “Afinal de contas”, refrão pegajoso, poesia, violino irreverente em duelo com guitarras rockeiras; "33B" entra também nessa atmosfera, muda a todo instante e repare só a vida que a música ganha no seu minuto e meio; ou ainda “Pseudo eu”, a última e possivelmente a mais rockeira de todas, fala de uma característica típica das gerações contemporâneas, como sugere o título.

Mas voltemos ao início. “Coracion”, a faixa de abertura, tem um trompete em tom “mole”, preguiçoso, cativo, música aliás, que escancara a veia criativa e a personalidade marcante da Gentileza. Ora empolgante, ora festivo, ora irreverente, menos chegado no humor e mais na poesia, como é a bela “O estopim”, leve, alegre como uma dança de valsa, guitarras sugerindo ecos e viagens, em uma base meio circense, que ainda por cima tem quase que uma pausa, para a apresentação de um coral, bem no meio da música, lindo demais.

Nessa pegada de misturar, “Pia de prédio”, ao mesmo tempo um samba meio bossa com interferências sonoras eletrônicas, mais conexo, aproximado, menos experimental. Outrora Gentileza embarca numa onda que exalta um clima “baladinha”, como em “Sempre quase”; ou uma viola típica caipira, “Teu capricho, meu despacho”, que por excelência chega a lembrar temas, melodias bucólicas de programas de TV que beiram as seis da tarde.

Produzido por Plínio Profeta, que já trabalhou com O Rappa, Lenine, Pedro Luís e a Parece, para citar alguns, "Banda Gentileza" é resultado de quatro anos de palcos e aprimoramentos sintetizados em pouco mais de 45 minutos de pura criatividade musical que, vale dizer, não precisa de muitas audições para serem sacadas.
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A Gentileza tem seis integrantes: Artur Lipori (trompete, guitarra, baixo, kazuo), Diego Perin (baixo, concertina), Diogo Fernandes (bateria), Emílio Mercuri (guitarra, violão, viola caipira, ukelele, backings), Heitor Humberto (vozes, guitarra, violino, cavaquinho) e Tetê Fontoura (saxofone, teclado).

O download de "Banda Gentileza" pode ser feito gratuitamente aqui:


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